Lucélia Santos e o rapper Rincón Sapiência participam de produção voltada para a juventude com direção de Diego da Costa
Depois de faturar 32 prêmios em 10 festivais, sendo oito como melhor filme, incluindo o Festival Latino Americano de São Paulo, o filme “Selvagem” chega às salas de cinema no próximo dia 2 de dezembro (quinta-feira). O filme dirigido por Diego da Costa entrará em cartaz em São Paulo (Itaú Frei Caneca/Spcine), Rio de Janeiro (Itaú Botafogo), Belo Horizonte (Belas Artes), Brasilia (Itaú), Salvador (Glauber Rocha) e Maceió (Cine Pajuçara).
Existe um lugar em que “Selvagem” se colocou, involuntariamente. Um lugar onde sua relação com o tempo presente é muito forte e pulsante, no sentido de ser um filme de ficção inspirado em fatos, mas sem o distanciamento histórico habitual, como observamos em outros filmes do gênero, como Marighela ou Carandiru, pra dar apenas dois exemplos.
Diferente da experiência que se tem, normalmente, com essa espécie de filme, que, em certa medida, servem para nos contar e nos mostrar uma história que não conhecemos ou que conhecemos pouco, para as pessoas que assistem é como se elas estivessem revivendo tudo que viveram há pouco tempo, o filme mexe com afetos presentes.
Além disso, “Selvagem” tem uma relação muito forte com qualquer pessoa que tenha um cotidiano na escola pública e acredita na escola pública. Tendo vivido uma ocupação ou não.
Essa constatação explica um pouco o fato de uma parte significativa das pessoas que assistiram o filme o chamarem de documentário ou ficarem confusas ao tentarem classifica-lo. Vale dizer, que todo um boca a boca do filme rolou nessa perspectiva, de pessoas assistirem e o indicarem como se fosse um documentário. E tudo isso só é possível porque o tempo de realização e veiculação do filme foi, extremamente, curto para uma obra de longa-metragem ficcional, já que ele foi filmado em 2018, em 2019 estava circulando em festivais, e em 2021 já estreia nos cinemas. E não podemos deixar de lado que o roteiro, espinha dorsal da obra, teve o primeiro tratamento finalizado em 2016, portanto, menos de um ano após os fatos retratados. Sem contar que no processo de seleção de elenco e, posteriormente, nos ensaios, as atrizes e atores, sendo todos participantes, direta ou indiretamente, das ocupações de 2015, atuaram ativamente na reelaboração do roteiro, junto dos roteiristas e direção, algo que acabou trazendo ao filme um forte caráter documental, tão observado pelos espectadores nas centenas de sessões já realizadas.