Famoso na década de 90, locutor travava luta contra câncer na mandíbula e era portador do vírus HIV
O
locutor Asa Branca morreu nesta terça-feira, 4, aos 57 anos de idade, após sua
batalha contra o câncer na mandíbula. Ele estava internado no Instituto do
Câncer do Estado de São Paulo, em São Paulo, desde sábado, 25 de janeiro, com
saturação de oxigênio muito baixa e fortes dores na região dos tumores. Desde
domingo, 2, Asa não se alimentava mais nem por sonda. Ele também não reconhecia
mais familiares e amigos.
A morte de Asa Branca foi confirmada por sua família por meio de um comunicado
enviado à imprensa. “É com muito pesar que informo a todos o falecimento
do nosso querido Waldemar Ruy Asa Branca dos Santos. Em breve, mais
informações”. Além disso, o comunicado incluiu uma frase do locutor:
“Nunca abandone um amigo, independente de sua situação”.
No final do ano passado, ele estava internado por uma semana no Instituto do
Câncer de São Paulo para tratar infecções após rompimentos de tumores. Sandra
dos Santos, sua mulher, contou que ele não estava mais suportando as fortes
dores, já que a morfina tinha parado de fazer efeito. “Às vezes, ele está consciente e às vezes bem
confuso. Ele reclama de dores e a morfina não faz mais efeito. Ele não está
mais aguentando o sofrimento e já pede para morrer“, contou.
De lá para cá, Asa retornou ao hospital cinco vezes. Durante as internações,
ele recebeu a visita de famosos como Sergio Reis, Luizão e Geraldo Luis. Também
recebeu o carinho dos seus seis filhos, inclusive de Lara Lemos, que vive no
Estados Unidos e estava há dois anos sem ver o pai.
Trajetória
Waldermar
Ruy dos Santos teve sua trajetória contata em um documentário. Ele ganhou o
apelido Asa Branca porque tinha a mania de agarrar passarinhos. Nascido em
Turiúba, São Paulo, Asa perdeu os pais aos 15 anos, após o seu pai se suicidar
e sua mãe morrer devido à doença de Chagas. Ele sonhava em ser peão de rodeio e
aos 15 teve a oportunidade de montar um touro em uma competição. Sofreu um
acidente e teve o pulmão perfurado pelo chifre de boi, o que interrompeu a
carreira de peão.
Começou a se dedicar a locução profissional. Embarcou para os Estados Unidos,
onde viveu ilegalmente, mas aprendeu mais sobre a profissão. De lá, trouxe um
microfone sem fio e passou a usá-lo nas locuções de rodeio.
Na década de 90, Asa Branca se tornou nacionalmente conhecido por narrar os
principais rodeios do país. Ele, que se destacava por fazer a locução de dentro
da arena, a dois metros do boi, começou a usufruir da fama. Morava em um flat
em um bairro nobre de São Paulo, tinha 2 mil cabeças de gado nelore em fazendas
arrendadas no Pará e em Mato Grosso, um helicóptero e um avião bimotor. Era
sempre convidado para participar de programas e fez até pontas em novelas, como
Mulheres de Areia e O Rei do Gado.
No auge da carreira faturava mais de 300 mil reais por mês. Investia o seu
dinheiro em carros de luxo, cavalos, helicóptero, drogas e muitas festas. Ele
também se relacionava com muitas mulheres. Disse em entrevista para a Veja que
chegava a dormir com seis mulheres por noite e cheirar 3 gramas de cocaína em
uma noitada. Em sua biografia, ele diz ter se relacionado com famosas como a
apresentadora Marília Gabriela e as atrizes Alexia Dechamps e Isadora Ribeiro.
A vida desregrada o fez perder toda sua riqueza. Ele ainda contraiu o contrair
o vírus HIV, em 2007. Em 2013, ficou hospitalizado por 83 dias devido a uma
neurocriptococose, popularmente chamada doença do pombo, que atinge o sistema
nervoso. Chegou a pesar 50 quilos e quase morreu. O primeiro diagnóstico do
câncer veio em 2017, quando descobriu que estava em estágio avançado de um
tumor maligno de orofaringe, localizado na parte de trás da boca, e que incluía
a língua, a amígdala e as partes lateral e posterior da garganta. “Gastei tudo na noite com bebida, drogas,
jatos, helicóptero e festas“, disse para Quem.
Pai de cinco filhos, cada um com uma mulher diferente, Asa começou a entrar nos
eixos em 2008 após começar a namorar sua última mulher, Sandra dos Santos,
também soropositiva. Ela ficou ao seu lado até o fim da vida, cuidando de sua
saúde, trocando curativos e o ajudando com a alimentação via sonda.
Fonte: Revista Quem